segunda-feira, novembro 21, 2005

A honestidade vista pelo Sr. Presidente da Republica

Em primeiro lugar, devo um pedido de desculpas às pessoas que volta e meia se vêm perdidas neste blog e que, até agora, tiveram que gramar com um post já um pouco desactualizado...

E mesmo quando parece que me faltam coisas para escrever, as notícias vêm em meu auxílio... Sim, o Bastião do jornalismo dá-me a conhecer coisas que de outra forma me escapariam, mesmo que estas sejam tão evidentes que todos nós saibamos instintivamente!

E então, uma das coisas que me pôs as antenas no ar (sim antenas, que por vezes sinto-me um pouco extraterrestre!) foram as declarações do Sr. Presidente da República durante a abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Leiria.

E a Lenda da Honestidade e do Bom Senso trova-nos que ao que parece aquela ideia de se fecharem os cursos com menos de 10 pessoas a entrar por ano não é muito boa... É que ao contrário do que se pensa, as pessoas que andam nesse curso não são tão coitadinhos como seria de esperar... Acho que existem cursos onde esses 10 não só têm emprego disponível, como também e se por acaso mais umas 50 mentes iluminadas optassem por esse caminho nublado também achariam rapidamente o que fazer á vidinha!

E assim, esses "otários" que escolhem as formações menos conhecidas (não, não tou a falar de 3-1-3-1-2) acabam por ser bem mais inteligentes, que os "inteligentes" que teimam em ser Srs. Professores, Psicólogos, Advogados, etc. (não tenho espaço para escrever todos!)

Então porque fechar os cursos? A resposta é simples: nunca ninguém se deu ao trabalho de colocar no manual do acesso ao Ensino Posterior (a maioria das vezes, a malta aprende é na prática), quantas pessoas saíram dos cursos e quantas foram empregadas no ano transacto!

É claro que isso é complicadíssimo! Afinal o contacto com os recém-licenciados é cortado imediatamente, não se vá receber feedback de algo que tire os professores do seu mundo particular e lhes grite bem alto "Ó amigo esses acetatos muito actualizados têm URSS escrito!", "O Stôr sabia que as teclas de computador não mordem a cabeça dos dedos?", "Ou mesmo aquela caixa branca com monitor que tem lá no gabinete (e que foram os meus pais que pagaram, já agora) para além de dar para ver o excitante mundo dos jornais desportivos e as capas da playboy, também corre o software que eu encontrei aqui na empresa e que passei 2 meses a aprender!".

E também eu estou aqui a pôr em causa uma das verdades inevitáveis da sociedade: "toda a gente sabe que não interessa o que aprendeste, o que interessa é o canudo!"... Mas quando a malta sai de lá, estica o canudo, e nos mandam varrer as ruas com ele (alguns sugeririam pior), começamos a interrogar-nos porque razão os professores sempre nos disseram que haviam imenso emprego por todo o lado!

Isto é extraordinário: ou os nossos amigos jornalistas andam a pagar para a malta fazer manifestações (para os que não sabem é tipo um convívio com sardinhadas e cantigas e montes de lixo que nem sempre se apanha do chão), ou então os professores não andam a dizer toda a verdade. É que os meus colegas que escolheram ainda este ano cursos que vão dar ao ensino estão convencidíssimos que há mais emprego que em qualquer outra área! Justificação: os professores deles disseram-lhes para não ligarem ao "alarmismo generalizado" porque o "emprego acaba sempre por aparecer depois de terem o curso".

É claro que isto não é mentira nenhuma! Eu quando sair do curso vou levantar o meu canudo (o de papel) bem alto e vai aparecer uma empresa mesmo à portinha de minha casa para eu trabalhar, mesmo no sítio onde está aquela casa que ameaça a cair para cima da minha! Se eu soubesse disso mais cedo, tinha escolhido voo espacial, que me parece bem mais interessante que engenharia.

E porque razão os professores garantem que há emprego? E também isto a Lenda trova pela voz do Sr. Presidente:
"-há cursos com 1000 alunos e 20 professores e outros com 200 alunos e 70!"

A todos vocês que olham para a parte altruísta do Ensino, liguem agora também esta frequência: também é uma Economia! E cá para nós, os Professores também têm de vender para manter o emprego, nem que seja um daqueles super aspiradores que também faz torradas e "É tão bom que só está disponível aqui, na TV SHOP!".

E a malta lá vai escolhendo serem professores e depois fazem as tais sardinhadas em frente ao Governo onde cantam canções para terem a quem vender os aspiradores!

O canudo está longe de ser o fim da viagem! a Verdade é que é um meio de arranjar um emprego, então porque não avaliarmos o curso pela sua aplicabilidade no futuro e não só pelo título que dá quando nos chamam na rua?

E, se até o Presidente da Republica sabe disso, porque não se mudam as coisas?

É que sinceramente, esta eu não percebi!